De Caminha a Jorge Bem Jor: A construção de uma identidade nacional.
Autor: Ricardo Ali Abdalla
Moro, num país tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza, mas que beleza...
(Jorge Ben Jor)
HY-BREASAIL, a ilha paradisíaca descrita por São
Brandão, um monge Irlandês que teria viajado pelo Atlântico e encontrado um lugar
paradisíaco, a ilha do édem. A semelhança de nome já indica o lugar que pareceu
tão paradisíaco aos olhos portugueses, quanto a Ilha do edem para São Brandão:
o achamento do Brasil. E Pero Vaz de Caminha tratou de descrever essa terra de
maneira brilhante. Provavelmente influenciado pela história da Ilha do Édem,
Caminha narra, de maneira pormenorizada, os dias em que a frota permaneceu na
costa brasileira e o convívio de sua tripulação com os nativos naquele ambiente
paradisíaco. A importante certidão de nascimento do Brasil se tornou um dos
documentos mais relevantes da história recente e passou a ser lida e relida por
gerações de artistas que, de uma forma ou de outra, encontram uma identidade
nacional com a HY-BREASAIL de
Caminha.
22
de abril (1500)
“E neste dia, a horas de véspera,
houvemos vista de terra, a saber, primeiramente de um grande monte, mui alto e
redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dela, e de terra chã, com
grandes arvoredos. Ao qual monte alto o capitão pôs nome o monte pascoal e à
terra, a Terra da Vera Cruz”.[1]
Assim
nasceu o Brasil pela pena de Pero Vaz de Caminha. Nosso primeiro cronista
tratou de descrever minuciosamente o lugar de achamento e registrar o encanto
que essa nova terra provocou na tripulação da esquadra. Em sua narrativa
percebe-se um acentuado deslumbramento com o que aqueles europeus aventureiros
se depararam. Sendo recém-chegados a um território impressionante por sua
dimensão e características, e muito diferente do que estavam habituados a ver, o
cenário da nova terra e seu gentio despertaram a visão edênica que habitava o
imaginário dos viajantes desde a idade média.
Uma ilha paradisíaca teria sido encontrada por um monge
Irlandês, São Brandão, que teria viajado pelo Atlântico Norte e encontrado um
lugar que se aproximava da definição de paraíso quase bíblico, uma ilha do
édem. Essa ilha afortunada, a HY-BREASAIL,
que esteve presente contos medievais e em boa parte da cartografia produzida
até o século XIX (Fig. 1 e 2), não passou de uma ilha fantasma, mas ficou na
imaginação dos homens do mar e em alguns relatos de viagem[2].
Fig. 1 – Mapa de Dalorto de 1325.
Domínio público.
Fig. 2 – Mapa de Ornelius de 1570.
Domínio público
Nosso
cronista inicia seu relato praticamente se desqualificando como escrivão da
esquadra. “Pero tome vossa alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, bem
certo creia que, por afremosentar nem afear, haja aqui de pôr mais que aquilo
que vi e me pareceu”. Falsa modéstia à parte, o texto, a partir daí, se torna
uma preciosa descrição apaixonada e rica de detalhes. Mais do que apenas
descrever o que viu, Caminha expressa o que sentiu, ao se deparar com tal lugar
e gentio. Quando fala da terra, enaltece as características e qualidades do
lugar. Destacam-se três trechos da carta:
Traz ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras,
delas vermelhas e delas brancas, e a terra, por cima, toda chã e muito cheia de
grandes arvoredos.
De ponta a ponta é toda praia parma, muito chã e muito
fremosa. Pelo sertão nos pareceu (vista) do mar muito grande, porque, a
estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos, que nos parecia mui
longa terra.
Pero a terra em si, é de muito bons ares, assim frios e
temperados, como a os de Antre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora assim
os achávamos como a os de lá. As águas são muitas, infinitas. E em tal maneira
é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, per em das águas que
tem.
Decididamente
a esquadra chegou em um local diferenciado e que causou grande impacto em nosso
Cronista, até pelo uso frequente de advérbios de grau superlativo e adjetivos.
Com clima especialmente agradável, percebe-se que a descrição feita por Caminha
é de um país tropical (ainda que tivesse sido considerado de início, uma ilha).
Como não poderia faltar, houve serviço
religioso em terras recém descobertas, até porque a expansão marítima se
revestia de empreitada comercial e religiosa. No prazo de uma semana foram
realizadas duas missas, devidamente descritas por Caminha, que se preocupou em
notar a inexistência de qualquer tipo de crença ou devoção, por parte dos
nativos, e informar El Rei da grande possibilidade de salvação do gentio pela
fé católica.
E imprimir-se-á
facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons
rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem
causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé
católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco
trabalho seja assim!
E
assim todas as bênçãos recaíram sobre o Édem! Não bastasse ser paradisíaco, o
lugar foi devidamente abençoado por Deus, através de seu sacerdote e
respectivos discípulos, e apreciado por todo o gentio, belo, formoso e bom,
graças a Deus, devidamente (des)vestidos para a ocasião.
E
é na descrição desse povo encantador que Caminha se supera. Surpreso e
encantado ao mesmo tempo, descreve o gentio de forma bem eloquente.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de
bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cousa cobrir nem
mostrar suas vergonhas.
Ali andavam antre eles três ou quatro moças, bem moças e bem
gentis, com cabelos muito pretos compridos pelas espáduas; e suas vergonhas tão
altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem
olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.
Insiste na descrição das “vergonhas”
e até compara com suas conterrâneas, o que deve ter rendido a Caminha alguns
desafetos.
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima,
daquela tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda, e sua
vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa
terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como a ela.
Uma terra repleta de Adãos e Evas,
puros e inocentes, cercados por tantos encantos e fartura, só poderia ser o
paraíso na terra, a “ilha” afortunada de São Brandão. Mas havia mais. Caminha
registrou o que viria a ser o maior acontecimento do futuro país.
Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do
que nós seus. (grifos nossos)
Assim
foi registrado o primeiro baile de carnaval abaixo do equador.
Além
de Caminha e dos membros da tripulação de Cabral, dos quais não se tem
referências de seus relatos da viagem de achamento do Brasil, outros tantos
viajantes também imprimiram suas impressões sobre a nova terra em relatos tão
eloquentes quanto os do nosso cronista primeiro. Gandavo escreveu em seu livro:
Sam tantas e tam
diversas as plantas e hervas que ha nesta Provincia, de que se podiam notar
muitas particularidades, que seria couza infinita escrevellas aqui todas[3] (...)
Parece haver consenso entre os
cronistas que estiveram em terras brasileiras. O lugar era realmente um
paraíso, bonito por natureza.
Da
descrição que Caminha fez sobre o paraíso, até o século XIX, verifica-se no
Brasil, uma produção literária e artística que, modo geral, emulava estilos e
padrões europeus e pouca valorizava as coisas da terra. Apesar de considerados
tardios, o Barroco e o Rococó praticados no Brasil, eram claramente
influenciados por artistas europeus. Alguns artistas, entretanto, estabeleceram
uma linguagem própria que pode ser entendida como um “embrião” de uma
construção identitária local. Tomemos por exemplo duas pinturas para fins de
comparação: a pintura do teto da Biblioteca Joanina, pertencente à Universidade
de Coimbra e atribuída a António Simões Ribeiro[4]
(Fig. 3) e o teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto/Brasil,
pintado por Manoel da Costa Athayde[5]
(Fig. 4). Estas obras estão separadas por cerca de 65 anos, mas guardam algumas
semelhanças. As cores puras, os elementos arquitetônicos provocando o efeito de
perspectiva tridimensional, que conduz o olhar ao medalhão central, a
disposição das figuras.
Fig. 3 – Teto da Biblioteca Joanina[6]
Fig. 4 – Teto da Igreja de São
Francisco de Assis[7]
Interessante
notar é que a representação das figuras humanas de Athayde se distancia do tipo
europeu e assume uma “identidade mulata”, inclusive a figura de Nossa Senhora,
como clara referência à presença negra e mestiça, na Vila Rica do século XVIII.[8]
(Fig. 5)
Fig. 5 – Feições
mulatas para figuras religiosas.
Tal
atitude remete à possibilidade de identificação das gentes do lugar com a
representação pintada em ambiente sagrado, imprimindo uma abordagem
regionalizada a um estilo artístico importado e menos legítimo. Pode-se dizer
que essa linguagem, que posiciona o mulato como figura central da pintura,
configura uma tentativa pioneira de criar uma identidade local, legitimando o
resultado da miscigenação racial que compôs a formação do povo brasileiro.
A
retomada da busca por uma identidade nacional, desta feita proposital e mais
intensa, aconteceu já no Romantismo do século XIX – primeiros escritos com
cunho declaradamente nacionalista. Além da valorização sociocultural local,
ambientando as histórias em lugares e situações familiares, vividas por personagens
simples e de fácil identificação, a simplicidade de escrita se tornou estilo
comum entre os autores do período, porém sem perder a qualidade literária. Pode-se
destacar, como pioneiro do gênero, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de
Macedo. Publicado em 1844, tem uma narrativa leve e sem rebuscamentos textuais,
que descreve as peripécias de estudantes de classe média do Rio de Janeiro do
século XIX. Na esteira desse autor destacam-se José de Alencar, Machado de
Assis, Bernardo Guimarães, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim Manoel de Macedo,
Aluízio e Azevedo, entre tantos outros. Entretanto, ganha proeminência um autor
que escreve uma biografia: Rodrigo José Ferreira Bretas. É dele a obra "Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco
Lisboa, distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho".
Publicada em 1858, essa biografia ´cria´ um personagem que viria a ser a
referência artística e identitária, genuinamente brasileira, do modernismo: o
Aleijadinho. Inspirado pelo romantismo de conto fantástico corrente no período[9],
Bretas descreve Antônio Francisco Lisboa como seu personagem dicotômico, a
síntese do antagonismo deformado/genial: (Fig. 6)
Antônio Francisco era pardo escuro, tinha a voz forte, a
fala arrebatada e o gênio agastado; a estatura era baixa, o corpo cheio e mal
configurado, o rosto e a cabeça redondos, e esta volumosa; o cabelo preto e
anelado, o da barba cerrado e basto; a testa larga, o nariz retangular e algum
tanto pontiagudo, os beiços grossos, as orelhas grandes e o pescoço curto.[10]
Fig. 6 - Suposta aparência de Antônio Francisco Lisboa – o
Aleijadinho[11]
Mesmo
ao descrever o artista barroco em seu leito de morte, Bretas reforça mais uma
vez a imagem de dualidade do seu personagem: "Tanta miséria ousando
aliar-se a tanta poesia"![12]
Foi o mais próximo de Quasímodo[13]
que Bretas chegou, despertando ao mesmo tempo sentimento de piedade e admiração
por um personagem elevado ao grau de gênio, mas que por sua origem, filho de
português com escrava forra, reconhecido e tutelado pelo pai, já simbolizaria a
heterogeneidade da formação étnica do país em pleno século XIX, mesmo que não
fosse essa a intensão de Bretas. Aleijadinho voltaria à cena literária e
artística no Modernismo[14]
consagrado como “HERÓI NACIONAL”.
Enquanto
isso, na virada do século XIX para o século XX, um livro chama a atenção por
seu conteúdo e eloquência. Em “Porque me Ufano do Meu País”, o monarquista
Affonso Celso dedica a seus filhos vivos, e um deles póstumo, um verdadeiro
apelo para o necessário orgulho de um país que transpõe o século, recém-saído
de um império e com uma república que ainda engatinhava. Publicado em 1900, o
autor teve o cuidado de listar onze motivos para que os brasileiros se
considerem “superiores” aos demais povos, ou pelo menos se encantem mais
consigo mesmos. Até parece uma primeira releitura atualizada (para a época) de
Caminha.
·
Primeiro
motivo: grandeza territorial. “O Brasil é um dos mais vastos países do globo...”.
E Caminha nos diz: “Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque
a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- que nos parecia
mui longa terra”.
·
Segundo
motivo: beleza. Para Affonso Celso, “não há no mundo país mais belo do que o
Brasil. Quantos o visitam atestam e proclamam essa incomparável beleza”. E
Caminha, em primeira mão fala da beleza do lugar de achamento: “E em tal
maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. Também os
visitantes descobriram a enorme beleza daquela terra. Gândavo passou por lá, se
encantou e disse: “Além disto he esta Provincia sem contradição a melhor pera a
vida de homem que cada huma das outras de America, por ser commummente de bons
ares e fertilissima, e em gram maneira deleitosa e aprazível á vista humana”[15].
·
Terceiro
motivo: riqueza. “A riqueza do Brasil é proporcional à sua extensão e à sua
beleza: extraordinária”. Durante a semana do achamento do Brasil, não houve
tempo para grandes “achados”, por isso Caminha afirmou que “até agora não
pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem
lha vimos”. Mal sabia nosso cronista primeiro que da Terra Brasilis recém
descoberta sairia uma imensa fortuna para o Reino[16].
·
Quarto
motivo: variedade e amenidade do clima. Para Affonso Celso, “em consequência de
sua enorme extensão, há no Brasil grande variedade de temperaturas, que, no
entanto, em parte e estação algumas, atingem graus extremos”. E Caminha
encontra uma definição para o clima agradável que experimentou: “Contudo a
terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de
Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de
lá".
·
Quinto
motivo: ausência de calamidades. Aqui os dois autores se distanciam um pouco. Afonso
Celso resume a questão da seguinte forma: “em suma: oferecendo ao homem
condições de vida sem igual, a natureza brasileira em nada lhe é hostil ou
áspera. Pode o habitante confiar nela com segurança”. Esbarra na amenidade do
clima descrita por Caminha e na qualidade exagerada de Gândavo. Pronto: está
feita a descrição do quinto motivo para ufanismo.
·
Sexto
motivo: excelência dos elementos que entraram na formação do tipo nacional. Quem
achava que Gilberto Freyre foi pioneiro em enaltecer as qualidades da
miscigenação étnica que originou o brasileiro, precisa rever seus conceitos.
Affonso Celso se superou na eloquência com que descreveu os qualificativos de
cada uma das raças que compuseram o que ele chama de tipo nacional – “o
selvagem americano, o negro africano e o português”. Disse o autor: “Qualquer
daqueles elementos (índios, negros e portugueses), bem como o resultante deles,
possui qualidades de que nos devemos ensoberbecer.
Nenhum deles fez mal a humanidade ou a deprecia”. (grifo nosso) Caminha não foi
tão longe com os elogios, mas deixou sua impressão sobre o convívio com os
nativos de forma tão intensa que Affonso Celso de debruça sobre elas para
detalhar sua afirmação. Características como bondosos, serviçais, confiantes,
sociáveis, amistosos, pacíficos, enfim, vários qualificativos que estão
presentes em ambos trabalhos e que encantam a quem os lê, mas há controvérsias,
assunto para um outro trabalho.
·
Sétimo
motivo: nobres predicados do caráter nacional. Ou melhor “o brasileiro fisicamente
não é um degenerado. Notam-se muitos de estatura elevada, vigor e agilidade
pouco vulgares”. Para o autor, o brasileiro não é nenhuma sub-raça, inferior,
inclusive na estatura (e porque isso é relevante para superioridade de um país,
não está claro). De qualquer forma, o autor continua com a descrição do caráter
do brasileiro, semelhante ao que Caminha descreveu (inclusive no que diz
respeito à questão física). Independência, Hospitalidade, Afeição à paz e à
ordem, paciência e resignação, doçura, longanimidade, desinteresse (?),
escrúpulo no cumprimento das suas obrigações, espírito extremo de caridade,
acessibilidade, tolerância, honradez. Para Caminha, praticamente todos esses
qualificativos foram identificados nos nativos do primeiro contato com a
esquadra de Cabral. Porém o aspecto físico dominou as descrições do gentio. “A
feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons
narizes (?), bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma
cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas”. Aliás, as “vergonhas” dos índios e
índias deram motivos para que o relato do nosso Cronista ser muito criticado na
Metrópole. Das moças ele disse: “Ali andavam antre eles três ou quatro moças,
bem moças e bem gentis, com cabelos
mui pretos (e) compridos pelas espáduas; e suas vergonhas
tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não tínhamos
nenhuma vergonha”. (grifos nossos) Não bastasse a eloquência da descrição das
vergonhas das moças, Caminha arrematou com outra, desta vez provocativa para as
moças da Metrópole: “E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima,
daquela tintura, a qual, certo, era tão
bem feita e tão redonda, e sua
vergonha, que ela não tinha, tão
graciosa, que a muitas mulheres de
nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como a ela”. (grifos
nossos) Lembrando que se tratava de uma carta a ser enviada ao Rei de Portugal.
Também não deixou de notar a inocência e a simplicidade que, na sua forma de
ver aquela novidade, seriam características distintivas daquele gentio.
Os
outros quatro motivos relacionados por Affonso Celso, para ufanismo dos brasileiros - oitavo
motivo: nunca sofreu humilhações, nunca foi vencido; nono motivo: seu
procedimento cavalheiresco e digno para com os outros povos; décimo motivo: as
glorias a colher nele; undécimo motivo: a sua história – são motivos
pós-Caminha, portanto, não encontram paridade com o conteúdo da carta de
achamento, mas estava lançada a semente superlativa de um país recém
descoberto.
Como parágrafo final Affonso Celso arremata o
texto com a crença em uma distinção Divina concedida ao Brasil:
“Confiemos. Há uma lógica imanente: de tantas premissas de
grandeza só sairá grandiosa conclusão. Confiemos em nós próprios, confiemos no
porvir, confiemos, sobretudo em Deus que não nos outorgaria dádivas tão
preciosas para que as desperdiçássemos esterilmente. Deus não nos abandonará.
Se aquinhoou o Brasil de modo especialmente magnânimo, é porque lhe reserva
alevantados destinos”. (Júnior, 2002: 199)
Depois
de Caminha tanto recomendar a El´Rei que fizesse obra de cristianizar o gentio
da nova terra, só poderia mesmo haver tamanha bênção e proteção. País abençoado
por Deus.
Pelo
teor do que foi visto, o livro de Affonso Celso pode ser entendido como uma
primeira releitura “moderna” da carta de Caminha e poderia ser chamado de “Carta
a El Rei D. Manuel. Edição revisada e ampliada”. A Carta seria alvo de outras
releituras modernistas, não tão ufanistas assim.
Semana
de Arte Moderna de 1922. Aqui começou o Modernismo no Brasil. Ato de ruptura
com os padrões artísticos e culturais europeus, notadamente praticados pela
Escola de Belas Artes, caracterizou-se pelo seu caráter anárquico e destruidor,
em uma incansável busca pelo moderno, original e polêmico, tendo como ponto de
convergência o nacionalismo em suas múltiplas facetas.
O
Brasil se via fortemente influenciado pela cultura e valores europeus,
vinculados aos desejos de uma burguesia crescente. Nesse período, esses valores
artísticos importados passaram a serem depreciados e desconsiderados como
legítimos representantes da arte tipicamente brasileira, pela vanguarda
artística que aflorou em 1922. Nesse sentido, as obras que poderiam ser
consideradas como arte genuinamente brasileira, seriam aquelas derivadas dos
processos culturais próprios do país, vinculadas à história do seu povo. “O
popular é o lugar da redescoberta do Brasil. (...) Tudo o que é brasileiro está
no popular; tudo que é das elites é europeu”. (NOGUEIRA, 2005, p. 20)
Com o
modernismo, constituiu-se o interesse em encontrar uma identidade cultural
brasileira, resultante da mistura de contribuições de raças diferentes. Por
serem os modernistas, em grande parte, jovens oriundos da elite que, em maior
ou menor grau, tiveram contato com a cultura europeia, em confronto com sua
origem, “os fez indagar sobre sua própria identidade. Era preciso inventar o
Brasil, criar uma origem para o país, um mundo que pudessem chamar de seu,
enfim, uma pátria à qual pudessem ter orgulho de pertencer e, por isso mesmo,
eles esculpiram com cuidado”. (GRAMMONT, 2008, p. 156)
Havia certa repugnância da sociedade em relação às bases formadoras
da cultura brasileira, centradas nos traços deixados pelos negros e índios,
pois ainda eram desconsiderados como parte da sociedade àquela época. Caberia
aos modernistas a tarefa de encontrar essa ligação étnica e torná-la matriz da
identidade nacional.
Para Antônio Cândido o Modernismo, notadamente em sua “fase
heroica”, é responsável pela emancipação de uma série de recalques históricos,
sociais, étnicos que são agora levados de maneira triunfante à consciência
literária. (NOGUEIRA, 2005, p. 51)
O
sincretismo cultural idealizado pelos modernistas fez de Ouro Preto e
Aleijadinho a síntese da arte genuinamente brasileira, procurada por eles. Foi
a visita de Mario de Andrade à cidade, em 1919, que impulsionou a viagem de
redescoberta da arte mineira.
A matéria prima dessa construção [de uma nação] foi o
passado, existente, sobretudo, para Mário de Andrade, fora das duas grandes
cidades (Rio e São Paulo), o que o levou a viajar atrás dos menores traços, dos
detalhes mais escondidos nas entranhas do tecido social. (NOGUEIRA, 2005, p.
19)
Nessa
primeira viagem, o poeta sistematizou algumas idéias que culminariam com textos
escritos em 1920, nos quais o autor relaciona a originalidade da arte mineira
com a genialidade de Aleijadinho.
Do primeiro contato com a herança colonial mineira [Mário]
declarou: “É um fóssil, necessitando ainda de classificação, de que pouca gente
ouviu falar e ninguém incomoda”. (NOGUEIRA, 2005, p. 27)
Com a visita dos artistas
modernistas Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e do poeta
francês Blaise Cendrars, o barroco passou a ser considerado estilo nacional e
despertando o interesse por Aleijadinho no país e no mundo, elevando-o à categoria
de “herói nacional”. “A arte do mulato serviu de apelo para esta criação
artística nacional que concentrou na figura do Aleijadinho, a
representatividade desta arte.” (GRAMMONT, 2008, p. 322)
Era o que faltava para a consagração
do ideário modernista. Ao identificar a origem da manifestação artística
genuinamente brasileira, em confronto com a “importação” estilística da Europa,
os modernistas fizeram de Minas um território fértil de idéias e de produção.
Os motivos que levaram esse grupo de intelectuais a viajar
para Minas Gerais naquele momento passam pela mediação de Cendrars (contato
entre a cultura do velho mundo com o novo mundo). A consciência do sentido de
construção de uma arte e cultura nacionais levou ao resgate do passado como
referencial.
Tomado por tal simplicidade (paisagem vista pelas janelas do
trem e descrita pelos viajantes), o movimento de reinventar o Brasil vê na
paisagem de Minas “quase nativa/quase sertão”, o lugar fundador de uma nação
que espera por ser construída (...) (NOGUEIRA, 2005, p. 75)
O
quase sertão a ser identificado, explorado e reconhecido aproximou os
modernistas de uma arte original, “selvagem”, pronta a ser degustada por sua
autenticidade, a verdadeira identidade artística brasileira. E foi nesse sertão
que nasceu o primeiro herói brasileiro.
Macunaíma
- o herói sem nenhum caráter, escrito por Mario de Andrade em 1928, simbolizou síntese
da formação étnica do brasil. Mal caráter e preguiçoso, foi amante das duas
cunhadas e detestava qualquer tipo de trabalho. Nascido negro, filho de índia e
que se transformou em branco, foi para a cidade com seus irmãos e se envolveu
com prostitutas, guerrilheiras e enfrentou todo tipo de gente em sua jornada. Era,
de fato, um anti-herói, verdadeira crítica a uma sociedade que tinha
preconceito de si mesma e resistia em reconhecer a realidade feita de
heterogeneidades.
Escrita
satírica e controversa, é plena de termos indígenas, cuja leitura laica
dificulta saber do que se trata. Uma subversão literária que se tornou
referência modernista e identitária para a geração modernista.
No
cinema, a produção de 1969 de Joaquim Pedro de Andrade, que também respondeu
pelo roteiro e direção, foi tão contraventora quanto o texto de Mario de
Andrade[17].
(Fig. 7)
Fig. 7 – Cartaz do filme Macunaíma de 1969
A mãe
de Macunaíma foi interpretada por um homem (o ator Paulo José), um irmão era
branco e outro negro e nosso herói foi magistralmente interpretado por Grande
Otelo, que deu vida especial ao personagem indolente. (Fig. 8)
Fig. 8 – Grande Otelo a interpretar Macunaíma
O
Brasil de nosso Herói contraventor se modernizava. Após a crise de 1929[18]
o Brasil precisava mudar sua base econômica. De país agrário para um país
industrial e moderno. Sob o governo de Getúlio Vargas houve o patrocínio
modernizador manifestado em obras públicas e expansão da cultura modernista.
Arquitetos modernistas construíram uma nova imagem, uma nova identidade para o
país.
São
desse período as obras consideradas “fundadoras” da personalidade brasileira:
Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (1933); Raízes do Brasil, de Sérgio
Buarque de Holanda (1936) e, um pouco depois destes, Formação do Brasil
Contemporâneo, de Caio Pardo Júnior (1942). Três abordagens diferentes, por
conta de orientação político-ideológica (Caio Prado Jr.), contexto no qual
houve a produção dos textos (Sérgio Buarque de Holanda) ou simplesmente uma
visão romanceada (Gilberto Freyre), que se esmeram na tentativa de dar uma
identidade ao povo brasileiro. No contexto modernista também são escritas
releituras de Caminha, porém em tom satírico e bem-humorado, próprios do
momento cultural. Comparar “vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão limpas
das cabeleiras” de Caminha com “as mulheres mal cobrem suas vergonhas, que são
limpas das cabeleiras, e quando perguntamos, com gestos, que nome davam às
vergonhas glabras, responderam de-pi-lação”, é no mínimo um deboche bem-humorado,
com o qual Veríssimo nos brinda em sua “Nova carta do Caminha”[19].
Ou então Darci Ribeiro que escreve uma genial segunda carta de Caminha, desta
vez dando conta, a um rei inominado, das boas novas da capital futurista do
Brasil moderno e miscigenado[20].
Mas
como disse Nogueira, já citado anteriormente, ”tudo o que é brasileiro está no
popular (...)”, foi na música popular que se desenhou uma personalidade para o
Brasil. Em 1967 surge o movimento Tropicalista, que na música encontrou sua
maior expressividade. Em plena ditadura militar, as canções vinham carregadas
de mensagens quase codificadas que misturavam protesto e nacionalismo, música
erudita e cultura popular. Neste contexto, Jorge Ben Jor compôs uma canção que
se tornaria um hino ao ufanismo tropical brasileiro – País Tropical. Gravada
primeiramente por Wilson Simonal, em 1969, e incluída no LP do autor no mesmo
ano, a música se coadunou perfeitamente com o clima de nacionalismo exacerbado
do regime militar, instituído em 1964[21].
O aspecto ufanista da letra, que saúda um estilo de vida “feliz” e, porque não,
orgulhoso da sua terra, dá o tom mais do que adequado para a ideologia do
regime que, entre outros discursos, instituiu o lema “Brasil, amo-o ou
deixe-o”, um claro recado aos que discordavam do regime. (Fig. 9)
Fig.
9 – Adesivo muito comum durante o período do regime militar no Brasil
Independentemente
de ter sido ou não usada como propaganda governista de um regime ditatorial, a
música tornou-se um verdadeiro “hino” de uma geração que encontrou na
tropicalidade da letra, sua verdadeira identidade, uma forma de vencer a
opressão e a censura, típicas daquele momento político e manifestar seu
patriotismo de maneira mais autêntica e espontânea.
Considerações
finais
Tal como
foi dito, que o livro de Affonso Celso poderia ser uma releitura da carta de
Caminha “revisada e ampliada”, País Tropical também pode ser lida como uma
outra reescrita da mesma Carta, porém em tom mais descontraído e em versão
resumida. Ainda assim, as três obras guardam em comum a característica de
retratarem uma forma identitária de um povo, desde o seu nascedouro, ainda
“virgem e puro”, até a mais acentuada mestiçagem étnica e cultural. Caminha,
com sua carta de achamento, sem querer, deu início à construção de uma
identidade nos trópicos. Assim, pode-se dizer que suas releituras, ao longo do
tempo, representam o reconhecimento da importância da Carta como documento
fundador de uma nação. E é por isso que eu...
“Moro num país tropical, abençoado
por Deus
E bonito por natureza, mas que
beleza
Em fevereiro (em fevereiro)
Tem carnaval (tem carnaval)
Tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo
Tenho uma nêga
Chamada Tereza”...
Referências
A ilha de S. Brandão in Artigos de apoio Infopédia [em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-06-06 22:29:33].
Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$a-ilha-de-s.-brandao
ALEXANDRE, Ricardo. Nem vem que não tem: a vida e o veneno de
Wilson Simonal. São Paulo: Globo, 2009.
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Ferreira. Traços biográficos relativos
ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro, mais
conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Belo Horizonte, Editora UFMG: 2013
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de Pero Vaz de Caminha in O Descobrimento do Brasil nos textos
de 1500 a 1571. Número Especial comemorativo dos 500 anos do descobrimento do
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Alegria, Alegoria. Ateliê Editorial: 1996
GÂNDAVO, Pero de
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Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Assírio & Alvim, Lisboa: 2004.
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Barroco e a Construção do Herói Nacional. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 2008.
JÚNIOR, Afonso Celso de
Assis Figueiredo. Porque me ufano do meu
país. H. Garnier. Rio de Janeiro: sem data. Disponível em http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/02173000#page/214/mode/1up
NOGUEIRA, Antonio Gilberto
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Mario de Andrade e a concepção de patrimônio e inventário. São Paulo:
Hucitec: Fapesp, 2005.
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<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3741/tropicalia>. Acesso
em: 26 de Jun. 2017.
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Nova Carta do Caminha. Texto
publicado na Folha de Londrina em 22-04-00.
Sites da Internet
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964
http://markjberry.blogs.com/StBrendan.pdf7
https://www.ebiografia.com/mestre_ataide/
http://www.hsaugsburg.de/~harsch/Chronologia/Lspost10/Brendanus/brenavi.html
https://www.youtube.com/watch?v=syk5jqshTBg
[1] Carta de Pero Vaz de Caminha in O Descobrimento do Brasil nos textos
de 1500 a 1571. Número Especial comemorativo dos 500 anos do descobrimento do
Brasil. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: 2000
[2]
SÃO BRANDÃO E A HY-BREASAIL. Disponível em http://markjberry.blogs.com/StBrendan.pdf7
e
http://www.hsaugsburg.de/~harsch/Chronologia/Lspost10/Brendanus/brenavi.html
[3]
GANDAVO, Pero de Magalhães de. História da Província Santa Cruz, que
vulgarmente chamamos Brasil. Tipografia da Academia Real das Ciências. Lisboa:
1858, p. 5
[4]
Pintor Português que se mudou para o Brasil e que introduziu a técnica de
pintura ilusionística na Bahia, possível inspiração para Mestre Athayde. Ler
mais a respeito em Del Negro, Carlos. Contribuição ao Estudo da Pintura
Mineira. Rio de Janeiro: IPHAN, 1958
[5] Disponível em https://www.ebiografia.com/mestre_ataide/
[6]
Acervo pessoal do autor.
[7]
Acervo pessoal do autor.
[8]
A população escrava em Vila rica
(Ouro Preto) chegou a pouco mais de 21.000 cativos por volta de 1743. http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/122/As%20popula%C3%A7%C3%B5es%20das%20Minas%20Gerais%20no%20s%C3%A9culo%20XVIII.pdf
[9]
O Romantismo do séc. XIX teve seu movimento de conto fantástico, no qual o
antagonismo de um dos personagens principais desperta sentimento dual de
repulsa e admiração: A Bela e a Fera - Gabrielle Suzanne Bardot – 1740; O
Corcunda de Notre Dame - Victo Hugo – 1831; O Patinho Feio - Hans Christian
Andersen – 1843; Strange Case of Dr. Jekill and Mr. Hyde - Robert Stevenson –
1886; As Aventuras de Pinóquio - Carlo Collodi – 1883.
[10]
BRETAS, Rodrigo José Ferreira. Traços
biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, Distinto escultor
mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Belo Horizonte. Editora
UFMG: 2013
[11]
Reconstrução artística feita pelo dermatologista
Geraldo Barroso, que estudioso de Aleijadinho e que atestou a causa da morte do
mestre – hanseníase - e o escultor Luciomar de Jesus. Disponível em http://jornalggn.com.br/noticia/o-bicentenario-da-morte-de-aleijadinho-e-curiosidades-sobre-o-artista
[12]
Segundo vários historiadores,
Antônio Francisco Lisboa nunca assinou nenhum documento ou obra como
Aleijadinho, nem tampouco era referenciado dessa forma. O termo teria sido
construído por Bretas. Neste sentido ver também GRAMMONT, Guiomar de.
Aleijadinho e o Aeroplano – O Paraíso Barroco e a Construção do Herói Nacional.
Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.
[13]
Personagem deformado que se apaixona
pela bela Esmeralda, no romance O Corcunda de Notre Dame, do escritor francês
Victor Hugo, publicado em 1831.
[14]
Em um estudo mais contemporâneo questiona-se a genialidade de Aleijadinho e até
sua existência como descrita por Bretas. A este respeito ler também GRAMMONT,
Guiomar de. Aleijadinho e o Aeroplano – O Paraíso Barroco e a Construção do
Herói Nacional. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.
[15] GÂNDAVO, Pero de Magalhães. História da
Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Assírio & Alvim,
Lisboa: 2004.
[16]
Calcula-se que, entre 1700 e 1770 a quantidade de ouro produzido em Vila Rica
tenha sido praticamente igual a toda a produção de ouro do resto da América
entre 1493 e 1850. Também estima-se que tenha sido cerca de 50% do que o resto
do mundo produziu nos séculos XVI, XVII e XVIII. Em termos de peso, entre 1700 e 1799, teriam
sido extraídas 128,8 toneladas de ouro, sem considerar a quantidade de ouro que
foi contrabandeada. A este respeito ver PINTO,
Virgílio Noya. O ouro brasileiro e o comércio
anglo-português, Volume 1. São Paulo, Ed. Nacional: 1979
[17] Para ver o filme na íntegra acessar https://www.youtube.com/watch?v=syk5jqshTBg
[18]
Crise econômica de abrangência
mundial, a partir da quebra da Bolsa de Nova York, em cujo mercado o Brasil
tinha commodities negociadas.
[19]
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Nova Carta
do Caminha. Texto publicado na Folha de Londrina em 22-04-00.
[20]
Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, Escrita da Novel Cidade de
Brasília com a data de 21 de Abril de 1960. Disponível em http://www.casadobruxo.com.br/ilustres/darcy_carta.htm
[21] http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964
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