De Caminha a Jorge Bem Jor: A construção de uma identidade nacional.

 Autor: Ricardo Ali Abdalla

 

Moro, num país tropical

Abençoado por Deus

E bonito por natureza, mas que beleza...

(Jorge Ben Jor)

 

            HY-BREASAIL, a ilha paradisíaca descrita por São Brandão, um monge Irlandês que teria viajado pelo Atlântico e encontrado um lugar paradisíaco, a ilha do édem. A semelhança de nome já indica o lugar que pareceu tão paradisíaco aos olhos portugueses, quanto a Ilha do edem para São Brandão: o achamento do Brasil. E Pero Vaz de Caminha tratou de descrever essa terra de maneira brilhante. Provavelmente influenciado pela história da Ilha do Édem, Caminha narra, de maneira pormenorizada, os dias em que a frota permaneceu na costa brasileira e o convívio de sua tripulação com os nativos naquele ambiente paradisíaco. A importante certidão de nascimento do Brasil se tornou um dos documentos mais relevantes da história recente e passou a ser lida e relida por gerações de artistas que, de uma forma ou de outra, encontram uma identidade nacional com a HY-BREASAIL de Caminha.

22 de abril (1500)

“E neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, a saber, primeiramente de um grande monte, mui alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dela, e de terra chã, com grandes arvoredos. Ao qual monte alto o capitão pôs nome o monte pascoal e à terra, a Terra da Vera Cruz”.[1]

            Assim nasceu o Brasil pela pena de Pero Vaz de Caminha. Nosso primeiro cronista tratou de descrever minuciosamente o lugar de achamento e registrar o encanto que essa nova terra provocou na tripulação da esquadra. Em sua narrativa percebe-se um acentuado deslumbramento com o que aqueles europeus aventureiros se depararam. Sendo recém-chegados a um território impressionante por sua dimensão e características, e muito diferente do que estavam habituados a ver, o cenário da nova terra e seu gentio despertaram a visão edênica que habitava o imaginário dos viajantes desde a idade média.

Uma ilha paradisíaca teria sido encontrada por um monge Irlandês, São Brandão, que teria viajado pelo Atlântico Norte e encontrado um lugar que se aproximava da definição de paraíso quase bíblico, uma ilha do édem. Essa ilha afortunada, a HY-BREASAIL, que esteve presente contos medievais e em boa parte da cartografia produzida até o século XIX (Fig. 1 e 2), não passou de uma ilha fantasma, mas ficou na imaginação dos homens do mar e em alguns relatos de viagem[2].



Fig. 1 – Mapa de Dalorto de 1325. Domínio público.



Fig. 2 – Mapa de Ornelius de 1570. Domínio público

 

 


            Nosso cronista inicia seu relato praticamente se desqualificando como escrivão da esquadra. “Pero tome vossa alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, bem certo creia que, por afremosentar nem afear, haja aqui de pôr mais que aquilo que vi e me pareceu”. Falsa modéstia à parte, o texto, a partir daí, se torna uma preciosa descrição apaixonada e rica de detalhes. Mais do que apenas descrever o que viu, Caminha expressa o que sentiu, ao se deparar com tal lugar e gentio. Quando fala da terra, enaltece as características e qualidades do lugar. Destacam-se três trechos da carta:

Traz ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas e delas brancas, e a terra, por cima, toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.

 

De ponta a ponta é toda praia parma, muito chã e muito fremosa. Pelo sertão nos pareceu (vista) do mar muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos, que nos parecia mui longa terra. 

 

Pero a terra em si, é de muito bons ares, assim frios e temperados, como a os de Antre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora assim os achávamos como a os de lá. As águas são muitas, infinitas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, per em das águas que tem.

            Decididamente a esquadra chegou em um local diferenciado e que causou grande impacto em nosso Cronista, até pelo uso frequente de advérbios de grau superlativo e adjetivos. Com clima especialmente agradável, percebe-se que a descrição feita por Caminha é de um país tropical (ainda que tivesse sido considerado de início, uma ilha).

             Como não poderia faltar, houve serviço religioso em terras recém descobertas, até porque a expansão marítima se revestia de empreitada comercial e religiosa. No prazo de uma semana foram realizadas duas missas, devidamente descritas por Caminha, que se preocupou em notar a inexistência de qualquer tipo de crença ou devoção, por parte dos nativos, e informar El Rei da grande possibilidade de salvação do gentio pela fé católica.

E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!

 

E assim todas as bênçãos recaíram sobre o Édem! Não bastasse ser paradisíaco, o lugar foi devidamente abençoado por Deus, através de seu sacerdote e respectivos discípulos, e apreciado por todo o gentio, belo, formoso e bom, graças a Deus, devidamente (des)vestidos para a ocasião.

            E é na descrição desse povo encantador que Caminha se supera. Surpreso e encantado ao mesmo tempo, descreve o gentio de forma bem eloquente.

 

A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas.

Ali andavam antre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos compridos pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.

 

            Insiste na descrição das “vergonhas” e até compara com suas conterrâneas, o que deve ter rendido a Caminha alguns desafetos.

E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como a ela.

            Uma terra repleta de Adãos e Evas, puros e inocentes, cercados por tantos encantos e fartura, só poderia ser o paraíso na terra, a “ilha” afortunada de São Brandão. Mas havia mais. Caminha registrou o que viria a ser o maior acontecimento do futuro país.

Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. (grifos nossos)

 

            Assim foi registrado o primeiro baile de carnaval abaixo do equador.

Além de Caminha e dos membros da tripulação de Cabral, dos quais não se tem referências de seus relatos da viagem de achamento do Brasil, outros tantos viajantes também imprimiram suas impressões sobre a nova terra em relatos tão eloquentes quanto os do nosso cronista primeiro. Gandavo escreveu em seu livro:

Além disto he esta Provincia sem contradição a melhor pera a vida de homem que cada huma das outras de America, por ser commummente de bons ares e fertilissima, e em gram maneira deleitosa e aprazível á vista humana.

Sam tantas e tam diversas as plantas e hervas que ha nesta Provincia, de que se podiam notar muitas particularidades, que seria couza infinita escrevellas aqui todas[3] (...)

 

            Parece haver consenso entre os cronistas que estiveram em terras brasileiras. O lugar era realmente um paraíso, bonito por natureza.

Da descrição que Caminha fez sobre o paraíso, até o século XIX, verifica-se no Brasil, uma produção literária e artística que, modo geral, emulava estilos e padrões europeus e pouca valorizava as coisas da terra. Apesar de considerados tardios, o Barroco e o Rococó praticados no Brasil, eram claramente influenciados por artistas europeus. Alguns artistas, entretanto, estabeleceram uma linguagem própria que pode ser entendida como um “embrião” de uma construção identitária local. Tomemos por exemplo duas pinturas para fins de comparação: a pintura do teto da Biblioteca Joanina, pertencente à Universidade de Coimbra e atribuída a António Simões Ribeiro[4] (Fig. 3) e o teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto/Brasil, pintado por Manoel da Costa Athayde[5] (Fig. 4). Estas obras estão separadas por cerca de 65 anos, mas guardam algumas semelhanças. As cores puras, os elementos arquitetônicos provocando o efeito de perspectiva tridimensional, que conduz o olhar ao medalhão central, a disposição das figuras.



Fig. 3 – Teto da Biblioteca Joanina[6]



Fig. 4 – Teto da Igreja de São Francisco de Assis[7]

            Interessante notar é que a representação das figuras humanas de Athayde se distancia do tipo europeu e assume uma “identidade mulata”, inclusive a figura de Nossa Senhora, como clara referência à presença negra e mestiça, na Vila Rica do século XVIII.[8] (Fig. 5)



Fig. 5 – Feições mulatas para figuras religiosas.

 

            Tal atitude remete à possibilidade de identificação das gentes do lugar com a representação pintada em ambiente sagrado, imprimindo uma abordagem regionalizada a um estilo artístico importado e menos legítimo. Pode-se dizer que essa linguagem, que posiciona o mulato como figura central da pintura, configura uma tentativa pioneira de criar uma identidade local, legitimando o resultado da miscigenação racial que compôs a formação do povo brasileiro.

A retomada da busca por uma identidade nacional, desta feita proposital e mais intensa, aconteceu já no Romantismo do século XIX – primeiros escritos com cunho declaradamente nacionalista. Além da valorização sociocultural local, ambientando as histórias em lugares e situações familiares, vividas por personagens simples e de fácil identificação, a simplicidade de escrita se tornou estilo comum entre os autores do período, porém sem perder a qualidade literária. Pode-se destacar, como pioneiro do gênero, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo. Publicado em 1844, tem uma narrativa leve e sem rebuscamentos textuais, que descreve as peripécias de estudantes de classe média do Rio de Janeiro do século XIX. Na esteira desse autor destacam-se José de Alencar, Machado de Assis, Bernardo Guimarães, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim Manoel de Macedo, Aluízio e Azevedo, entre tantos outros. Entretanto, ganha proeminência um autor que escreve uma biografia: Rodrigo José Ferreira Bretas. É dele a obra "Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho". Publicada em 1858, essa biografia ´cria´ um personagem que viria a ser a referência artística e identitária, genuinamente brasileira, do modernismo: o Aleijadinho. Inspirado pelo romantismo de conto fantástico corrente no período[9], Bretas descreve Antônio Francisco Lisboa como seu personagem dicotômico, a síntese do antagonismo deformado/genial: (Fig. 6)

Antônio Francisco era pardo escuro, tinha a voz forte, a fala arrebatada e o gênio agastado; a estatura era baixa, o corpo cheio e mal configurado, o rosto e a cabeça redondos, e esta volumosa; o cabelo preto e anelado, o da barba cerrado e basto; a testa larga, o nariz retangular e algum tanto pontiagudo, os beiços grossos, as orelhas grandes e o pescoço curto.[10]

 



Fig. 6 - Suposta aparência de Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho[11]

 

            Mesmo ao descrever o artista barroco em seu leito de morte, Bretas reforça mais uma vez a imagem de dualidade do seu personagem: "Tanta miséria ousando aliar-se a tanta poesia"![12] Foi o mais próximo de Quasímodo[13] que Bretas chegou, despertando ao mesmo tempo sentimento de piedade e admiração por um personagem elevado ao grau de gênio, mas que por sua origem, filho de português com escrava forra, reconhecido e tutelado pelo pai, já simbolizaria a heterogeneidade da formação étnica do país em pleno século XIX, mesmo que não fosse essa a intensão de Bretas. Aleijadinho voltaria à cena literária e artística no Modernismo[14] consagrado como “HERÓI NACIONAL”.

            Enquanto isso, na virada do século XIX para o século XX, um livro chama a atenção por seu conteúdo e eloquência. Em “Porque me Ufano do Meu País”, o monarquista Affonso Celso dedica a seus filhos vivos, e um deles póstumo, um verdadeiro apelo para o necessário orgulho de um país que transpõe o século, recém-saído de um império e com uma república que ainda engatinhava. Publicado em 1900, o autor teve o cuidado de listar onze motivos para que os brasileiros se considerem “superiores” aos demais povos, ou pelo menos se encantem mais consigo mesmos. Até parece uma primeira releitura atualizada (para a época) de Caminha.

·         Primeiro motivo: grandeza territorial. “O Brasil é um dos mais vastos países do globo...”. E Caminha nos diz: “Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- que nos parecia mui longa terra”.

·         Segundo motivo: beleza. Para Affonso Celso, “não há no mundo país mais belo do que o Brasil. Quantos o visitam atestam e proclamam essa incomparável beleza”. E Caminha, em primeira mão fala da beleza do lugar de achamento: “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. Também os visitantes descobriram a enorme beleza daquela terra. Gândavo passou por lá, se encantou e disse: “Além disto he esta Provincia sem contradição a melhor pera a vida de homem que cada huma das outras de America, por ser commummente de bons ares e fertilissima, e em gram maneira deleitosa e aprazível á vista humana”[15].

·         Terceiro motivo: riqueza. “A riqueza do Brasil é proporcional à sua extensão e à sua beleza: extraordinária”. Durante a semana do achamento do Brasil, não houve tempo para grandes “achados”, por isso Caminha afirmou que “até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos”. Mal sabia nosso cronista primeiro que da Terra Brasilis recém descoberta sairia uma imensa fortuna para o Reino[16].

·         Quarto motivo: variedade e amenidade do clima. Para Affonso Celso, “em consequência de sua enorme extensão, há no Brasil grande variedade de temperaturas, que, no entanto, em parte e estação algumas, atingem graus extremos”. E Caminha encontra uma definição para o clima agradável que experimentou: “Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá".

·         Quinto motivo: ausência de calamidades. Aqui os dois autores se distanciam um pouco. Afonso Celso resume a questão da seguinte forma: “em suma: oferecendo ao homem condições de vida sem igual, a natureza brasileira em nada lhe é hostil ou áspera. Pode o habitante confiar nela com segurança”. Esbarra na amenidade do clima descrita por Caminha e na qualidade exagerada de Gândavo. Pronto: está feita a descrição do quinto motivo para ufanismo.

·         Sexto motivo: excelência dos elementos que entraram na formação do tipo nacional. Quem achava que Gilberto Freyre foi pioneiro em enaltecer as qualidades da miscigenação étnica que originou o brasileiro, precisa rever seus conceitos. Affonso Celso se superou na eloquência com que descreveu os qualificativos de cada uma das raças que compuseram o que ele chama de tipo nacional – “o selvagem americano, o negro africano e o português”. Disse o autor: “Qualquer daqueles elementos (índios, negros e portugueses), bem como o resultante deles, possui qualidades de que nos devemos ensoberbecer. Nenhum deles fez mal a humanidade ou a deprecia”. (grifo nosso) Caminha não foi tão longe com os elogios, mas deixou sua impressão sobre o convívio com os nativos de forma tão intensa que Affonso Celso de debruça sobre elas para detalhar sua afirmação. Características como bondosos, serviçais, confiantes, sociáveis, amistosos, pacíficos, enfim, vários qualificativos que estão presentes em ambos trabalhos e que encantam a quem os lê, mas há controvérsias, assunto para um outro trabalho.

·         Sétimo motivo: nobres predicados do caráter nacional. Ou melhor “o brasileiro fisicamente não é um degenerado. Notam-se muitos de estatura elevada, vigor e agilidade pouco vulgares”. Para o autor, o brasileiro não é nenhuma sub-raça, inferior, inclusive na estatura (e porque isso é relevante para superioridade de um país, não está claro). De qualquer forma, o autor continua com a descrição do caráter do brasileiro, semelhante ao que Caminha descreveu (inclusive no que diz respeito à questão física). Independência, Hospitalidade, Afeição à paz e à ordem, paciência e resignação, doçura, longanimidade, desinteresse (?), escrúpulo no cumprimento das suas obrigações, espírito extremo de caridade, acessibilidade, tolerância, honradez. Para Caminha, praticamente todos esses qualificativos foram identificados nos nativos do primeiro contato com a esquadra de Cabral. Porém o aspecto físico dominou as descrições do gentio. “A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes (?), bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas”. Aliás, as “vergonhas” dos índios e índias deram motivos para que o relato do nosso Cronista ser muito criticado na Metrópole. Das moças ele disse: “Ali andavam antre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos mui pretos (e) compridos pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha”. (grifos nossos) Não bastasse a eloquência da descrição das vergonhas das moças, Caminha arrematou com outra, desta vez provocativa para as moças da Metrópole: “E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como a ela”. (grifos nossos) Lembrando que se tratava de uma carta a ser enviada ao Rei de Portugal. Também não deixou de notar a inocência e a simplicidade que, na sua forma de ver aquela novidade, seriam características distintivas daquele gentio.  

Os outros quatro motivos relacionados por Affonso Celso,  para ufanismo dos brasileiros - oitavo motivo: nunca sofreu humilhações, nunca foi vencido; nono motivo: seu procedimento cavalheiresco e digno para com os outros povos; décimo motivo: as glorias a colher nele; undécimo motivo: a sua história – são motivos pós-Caminha, portanto, não encontram paridade com o conteúdo da carta de achamento, mas estava lançada a semente superlativa de um país recém descoberto.

 Como parágrafo final Affonso Celso arremata o texto com a crença em uma distinção Divina concedida ao Brasil:

“Confiemos. Há uma lógica imanente: de tantas premissas de grandeza só sairá grandiosa conclusão. Confiemos em nós próprios, confiemos no porvir, confiemos, sobretudo em Deus que não nos outorgaria dádivas tão preciosas para que as desperdiçássemos esterilmente. Deus não nos abandonará. Se aquinhoou o Brasil de modo especialmente magnânimo, é porque lhe reserva alevantados destinos”. (Júnior, 2002: 199)

            Depois de Caminha tanto recomendar a El´Rei que fizesse obra de cristianizar o gentio da nova terra, só poderia mesmo haver tamanha bênção e proteção. País abençoado por Deus.

            Pelo teor do que foi visto, o livro de Affonso Celso pode ser entendido como uma primeira releitura “moderna” da carta de Caminha e poderia ser chamado de “Carta a El Rei D. Manuel. Edição revisada e ampliada”. A Carta seria alvo de outras releituras modernistas, não tão ufanistas assim.

Semana de Arte Moderna de 1922. Aqui começou o Modernismo no Brasil. Ato de ruptura com os padrões artísticos e culturais europeus, notadamente praticados pela Escola de Belas Artes, caracterizou-se pelo seu caráter anárquico e destruidor, em uma incansável busca pelo moderno, original e polêmico, tendo como ponto de convergência o nacionalismo em suas múltiplas facetas.

O Brasil se via fortemente influenciado pela cultura e valores europeus, vinculados aos desejos de uma burguesia crescente. Nesse período, esses valores artísticos importados passaram a serem depreciados e desconsiderados como legítimos representantes da arte tipicamente brasileira, pela vanguarda artística que aflorou em 1922. Nesse sentido, as obras que poderiam ser consideradas como arte genuinamente brasileira, seriam aquelas derivadas dos processos culturais próprios do país, vinculadas à história do seu povo. “O popular é o lugar da redescoberta do Brasil. (...) Tudo o que é brasileiro está no popular; tudo que é das elites é europeu”. (NOGUEIRA, 2005, p. 20)

Com o modernismo, constituiu-se o interesse em encontrar uma identidade cultural brasileira, resultante da mistura de contribuições de raças diferentes. Por serem os modernistas, em grande parte, jovens oriundos da elite que, em maior ou menor grau, tiveram contato com a cultura europeia, em confronto com sua origem, “os fez indagar sobre sua própria identidade. Era preciso inventar o Brasil, criar uma origem para o país, um mundo que pudessem chamar de seu, enfim, uma pátria à qual pudessem ter orgulho de pertencer e, por isso mesmo, eles esculpiram com cuidado”. (GRAMMONT, 2008, p. 156)

Havia certa repugnância da sociedade em relação às bases formadoras da cultura brasileira, centradas nos traços deixados pelos negros e índios, pois ainda eram desconsiderados como parte da sociedade àquela época. Caberia aos modernistas a tarefa de encontrar essa ligação étnica e torná-la matriz da identidade nacional. 

Para Antônio Cândido o Modernismo, notadamente em sua “fase heroica”, é responsável pela emancipação de uma série de recalques históricos, sociais, étnicos que são agora levados de maneira triunfante à consciência literária. (NOGUEIRA, 2005, p. 51)

O sincretismo cultural idealizado pelos modernistas fez de Ouro Preto e Aleijadinho a síntese da arte genuinamente brasileira, procurada por eles. Foi a visita de Mario de Andrade à cidade, em 1919, que impulsionou a viagem de redescoberta da arte mineira.

A matéria prima dessa construção [de uma nação] foi o passado, existente, sobretudo, para Mário de Andrade, fora das duas grandes cidades (Rio e São Paulo), o que o levou a viajar atrás dos menores traços, dos detalhes mais escondidos nas entranhas do tecido social. (NOGUEIRA, 2005, p. 19)

Nessa primeira viagem, o poeta sistematizou algumas idéias que culminariam com textos escritos em 1920, nos quais o autor relaciona a originalidade da arte mineira com a genialidade de Aleijadinho.

Do primeiro contato com a herança colonial mineira [Mário] declarou: “É um fóssil, necessitando ainda de classificação, de que pouca gente ouviu falar e ninguém incomoda”. (NOGUEIRA, 2005, p. 27)

Com a visita dos artistas modernistas Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e do poeta francês Blaise Cendrars, o barroco passou a ser considerado estilo nacional e despertando o interesse por Aleijadinho no país e no mundo, elevando-o à categoria de “herói nacional”. “A arte do mulato serviu de apelo para esta criação artística nacional que concentrou na figura do Aleijadinho, a representatividade desta arte.” (GRAMMONT, 2008, p. 322)

Era o que faltava para a consagração do ideário modernista. Ao identificar a origem da manifestação artística genuinamente brasileira, em confronto com a “importação” estilística da Europa, os modernistas fizeram de Minas um território fértil de idéias e de produção.

Os motivos que levaram esse grupo de intelectuais a viajar para Minas Gerais naquele momento passam pela mediação de Cendrars (contato entre a cultura do velho mundo com o novo mundo). A consciência do sentido de construção de uma arte e cultura nacionais levou ao resgate do passado como referencial.

Tomado por tal simplicidade (paisagem vista pelas janelas do trem e descrita pelos viajantes), o movimento de reinventar o Brasil vê na paisagem de Minas “quase nativa/quase sertão”, o lugar fundador de uma nação que espera por ser construída (...) (NOGUEIRA, 2005, p. 75)

            O quase sertão a ser identificado, explorado e reconhecido aproximou os modernistas de uma arte original, “selvagem”, pronta a ser degustada por sua autenticidade, a verdadeira identidade artística brasileira. E foi nesse sertão que nasceu o primeiro herói brasileiro.

            Macunaíma - o herói sem nenhum caráter, escrito por Mario de Andrade em 1928, simbolizou síntese da formação étnica do brasil. Mal caráter e preguiçoso, foi amante das duas cunhadas e detestava qualquer tipo de trabalho. Nascido negro, filho de índia e que se transformou em branco, foi para a cidade com seus irmãos e se envolveu com prostitutas, guerrilheiras e enfrentou todo tipo de gente em sua jornada. Era, de fato, um anti-herói, verdadeira crítica a uma sociedade que tinha preconceito de si mesma e resistia em reconhecer a realidade feita de heterogeneidades.

Escrita satírica e controversa, é plena de termos indígenas, cuja leitura laica dificulta saber do que se trata. Uma subversão literária que se tornou referência modernista e identitária para a geração modernista.

No cinema, a produção de 1969 de Joaquim Pedro de Andrade, que também respondeu pelo roteiro e direção, foi tão contraventora quanto o texto de Mario de Andrade[17].  (Fig. 7)



Fig. 7 – Cartaz do filme Macunaíma de 1969

 

A mãe de Macunaíma foi interpretada por um homem (o ator Paulo José), um irmão era branco e outro negro e nosso herói foi magistralmente interpretado por Grande Otelo, que deu vida especial ao personagem indolente. (Fig. 8)



Fig. 8 – Grande Otelo a interpretar Macunaíma

 

O Brasil de nosso Herói contraventor se modernizava. Após a crise de 1929[18] o Brasil precisava mudar sua base econômica. De país agrário para um país industrial e moderno. Sob o governo de Getúlio Vargas houve o patrocínio modernizador manifestado em obras públicas e expansão da cultura modernista. Arquitetos modernistas construíram uma nova imagem, uma nova identidade para o país.

São desse período as obras consideradas “fundadoras” da personalidade brasileira: Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (1933); Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (1936) e, um pouco depois destes, Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Pardo Júnior (1942). Três abordagens diferentes, por conta de orientação político-ideológica (Caio Prado Jr.), contexto no qual houve a produção dos textos (Sérgio Buarque de Holanda) ou simplesmente uma visão romanceada (Gilberto Freyre), que se esmeram na tentativa de dar uma identidade ao povo brasileiro. No contexto modernista também são escritas releituras de Caminha, porém em tom satírico e bem-humorado, próprios do momento cultural. Comparar “vergonhas tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras” de Caminha com “as mulheres mal cobrem suas vergonhas, que são limpas das cabeleiras, e quando perguntamos, com gestos, que nome davam às vergonhas glabras, responderam de-pi-lação”, é no mínimo um deboche bem-humorado, com o qual Veríssimo nos brinda em sua “Nova carta do Caminha”[19]. Ou então Darci Ribeiro que escreve uma genial segunda carta de Caminha, desta vez dando conta, a um rei inominado, das boas novas da capital futurista do Brasil moderno e miscigenado[20].

Mas como disse Nogueira, já citado anteriormente, ”tudo o que é brasileiro está no popular (...)”, foi na música popular que se desenhou uma personalidade para o Brasil. Em 1967 surge o movimento Tropicalista, que na música encontrou sua maior expressividade. Em plena ditadura militar, as canções vinham carregadas de mensagens quase codificadas que misturavam protesto e nacionalismo, música erudita e cultura popular. Neste contexto, Jorge Ben Jor compôs uma canção que se tornaria um hino ao ufanismo tropical brasileiro – País Tropical. Gravada primeiramente por Wilson Simonal, em 1969, e incluída no LP do autor no mesmo ano, a música se coadunou perfeitamente com o clima de nacionalismo exacerbado do regime militar, instituído em 1964[21]. O aspecto ufanista da letra, que saúda um estilo de vida “feliz” e, porque não, orgulhoso da sua terra, dá o tom mais do que adequado para a ideologia do regime que, entre outros discursos, instituiu o lema “Brasil, amo-o ou deixe-o”, um claro recado aos que discordavam do regime. (Fig. 9)



Fig. 9 – Adesivo muito comum durante o período do regime militar no Brasil

Independentemente de ter sido ou não usada como propaganda governista de um regime ditatorial, a música tornou-se um verdadeiro “hino” de uma geração que encontrou na tropicalidade da letra, sua verdadeira identidade, uma forma de vencer a opressão e a censura, típicas daquele momento político e manifestar seu patriotismo de maneira mais autêntica e espontânea.

Considerações finais

Tal como foi dito, que o livro de Affonso Celso poderia ser uma releitura da carta de Caminha “revisada e ampliada”, País Tropical também pode ser lida como uma outra reescrita da mesma Carta, porém em tom mais descontraído e em versão resumida. Ainda assim, as três obras guardam em comum a característica de retratarem uma forma identitária de um povo, desde o seu nascedouro, ainda “virgem e puro”, até a mais acentuada mestiçagem étnica e cultural. Caminha, com sua carta de achamento, sem querer, deu início à construção de uma identidade nos trópicos. Assim, pode-se dizer que suas releituras, ao longo do tempo, representam o reconhecimento da importância da Carta como documento fundador de uma nação. E é por isso que eu...

“Moro num país tropical, abençoado por Deus

E bonito por natureza, mas que beleza

Em fevereiro (em fevereiro)

Tem carnaval (tem carnaval)

 

Tenho um fusca e um violão

Sou Flamengo

Tenho uma nêga

Chamada Tereza”...

 

 

Referências

A ilha de S. Brandão in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-06-06 22:29:33]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$a-ilha-de-s.-brandao

ALEXANDRE, Ricardo. Nem vem que não tem: a vida e o veneno de Wilson Simonal. São Paulo: Globo, 2009.

BRETAS, Rodrigo José Ferreira. Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Belo Horizonte, Editora UFMG: 2013

Carta de Pero Vaz de Caminha in O Descobrimento do Brasil nos textos de 1500 a 1571. Número Especial comemorativo dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa: 2000

FAVARETTO, Celso. Tropicália: Alegria, Alegoria. Ateliê Editorial: 1996

GÂNDAVO, Pero de Magalhães. História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Assírio & Alvim, Lisboa: 2004.

GRAMMONT, Guiomar de. Aleijadinho e o Aeroplano – O Paraíso Barroco e a Construção do Herói Nacional. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.

JÚNIOR, Afonso Celso de Assis Figueiredo. Porque me ufano do meu país. H. Garnier. Rio de Janeiro: sem data. Disponível em http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/02173000#page/214/mode/1up

NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Por um inventário dos sentidos: Mario de Andrade e a concepção de patrimônio e inventário. São Paulo: Hucitec: Fapesp, 2005.

Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, Escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21 de Abril de 1960. Disponível em http://www.casadobruxo.com.br/ilustres/darcy_carta.htm

TROPICÁLIA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3741/tropicalia>. Acesso em: 26 de Jun. 2017.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Nova Carta do Caminha. Texto publicado na Folha de Londrina em 22-04-00.

 

Sites da Internet

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964

http://jornalggn.com.br/noticia/o-bicentenario-da-morte-de-aleijadinho-e-curiosidades-sobre-o-artista

http://markjberry.blogs.com/StBrendan.pdf7

 

https://www.ebiografia.com/mestre_ataide/

http://www.hsaugsburg.de/~harsch/Chronologia/Lspost10/Brendanus/brenavi.html

https://www.youtube.com/watch?v=syk5jqshTBg

 



[1] Carta de Pero Vaz de Caminha in O Descobrimento do Brasil nos textos de 1500 a 1571. Número Especial comemorativo dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: 2000

[3] GANDAVO, Pero de Magalhães de. História da Província Santa Cruz, que vulgarmente chamamos Brasil. Tipografia da Academia Real das Ciências. Lisboa: 1858, p. 5

[4] Pintor Português que se mudou para o Brasil e que introduziu a técnica de pintura ilusionística na Bahia, possível inspiração para Mestre Athayde. Ler mais a respeito em Del Negro, Carlos. Contribuição ao Estudo da Pintura Mineira. Rio de Janeiro: IPHAN, 1958

[6] Acervo pessoal do autor.

[7] Acervo pessoal do autor.

[8] A população escrava em Vila rica (Ouro Preto) chegou a pouco mais de 21.000 cativos por volta de 1743. http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/122/As%20popula%C3%A7%C3%B5es%20das%20Minas%20Gerais%20no%20s%C3%A9culo%20XVIII.pdf

[9] O Romantismo do séc. XIX teve seu movimento de conto fantástico, no qual o antagonismo de um dos personagens principais desperta sentimento dual de repulsa e admiração: A Bela e a Fera - Gabrielle Suzanne Bardot – 1740; O Corcunda de Notre Dame - Victo Hugo – 1831; O Patinho Feio - Hans Christian Andersen – 1843; Strange Case of Dr. Jekill and Mr. Hyde - Robert Stevenson – 1886; As Aventuras de Pinóquio - Carlo Collodi – 1883.

[10] BRETAS, Rodrigo José Ferreira. Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, Distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho. Belo Horizonte. Editora UFMG: 2013

[11] Reconstrução artística feita pelo dermatologista Geraldo Barroso, que estudioso de Aleijadinho e que atestou a causa da morte do mestre – hanseníase - e o escultor Luciomar de Jesus. Disponível em http://jornalggn.com.br/noticia/o-bicentenario-da-morte-de-aleijadinho-e-curiosidades-sobre-o-artista

[12] Segundo vários historiadores, Antônio Francisco Lisboa nunca assinou nenhum documento ou obra como Aleijadinho, nem tampouco era referenciado dessa forma. O termo teria sido construído por Bretas. Neste sentido ver também GRAMMONT, Guiomar de. Aleijadinho e o Aeroplano – O Paraíso Barroco e a Construção do Herói Nacional. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.

[13] Personagem deformado que se apaixona pela bela Esmeralda, no romance O Corcunda de Notre Dame, do escritor francês Victor Hugo, publicado em 1831.

[14] Em um estudo mais contemporâneo questiona-se a genialidade de Aleijadinho e até sua existência como descrita por Bretas. A este respeito ler também GRAMMONT, Guiomar de. Aleijadinho e o Aeroplano – O Paraíso Barroco e a Construção do Herói Nacional. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008.

[15] GÂNDAVO, Pero de Magalhães. História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Assírio & Alvim, Lisboa: 2004.

[16] Calcula-se que, entre 1700 e 1770 a quantidade de ouro produzido em Vila Rica tenha sido praticamente igual a toda a produção de ouro do resto da América entre 1493 e 1850. Também estima-se que tenha sido cerca de 50% do que o resto do mundo produziu nos séculos XVI, XVII e XVIII.  Em termos de peso, entre 1700 e 1799, teriam sido extraídas 128,8 toneladas de ouro, sem considerar a quantidade de ouro que foi contrabandeada. A este respeito ver PINTO, Virgílio Noya. O ouro brasileiro e o comércio anglo-português, Volume 1. São Paulo, Ed. Nacional: 1979

 

[17] Para ver o filme na íntegra acessar https://www.youtube.com/watch?v=syk5jqshTBg

[18] Crise econômica de abrangência mundial, a partir da quebra da Bolsa de Nova York, em cujo mercado o Brasil tinha commodities negociadas.

[19] VERÍSSIMO, Luis Fernando. Nova Carta do Caminha. Texto publicado na Folha de Londrina em 22-04-00.

[20] Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, Escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21 de Abril de 1960. Disponível em  http://www.casadobruxo.com.br/ilustres/darcy_carta.htm

[21] http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964


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