O aço no concreto armado: patologias, fatores de risco e prevenções.

O aço no concreto armado: patologias, fatores de risco e prevenções.

 

Autores: Amanda Louisi dos Santos Galvão, Gabrielly da Silva Azevedo, Vitória Gil Ramos, José Américo Alves Salvador Filho e Silvete Mari Soares.

 

Introdução

            No decorrer da história da construção civil no Brasil observa-se a evolução dos materiais e técnicas para execução das edificações. Com o desenvolvimento dos estudos sobre o concreto e seu aproveitamento com outros materiais, tal como o aço, as estruturas das edificações, antes robustas e complexas, passaram a ser projetadas de forma mais esbeltas. Um dos principais resultados dessa combinação do concreto com o aço é a alta resistência à tração e à compressão, garantindo maior suporte aos esforços externos e internos às edificações. Entretanto, como consequência do aumento brusco da utilização do concreto armado em função de suas inúmeras vantagens, surge a patologia nas estruturas de concreto armado, que pode ter origem de diversos fatores, tal como a falta de controle de qualidade na produção desse material.

            Este ramo de estudo tem extrema importância no setor da construção civil, pois avalia os sintomas, mecanismos, causas e origens dos danos encontrados nas edificações, que estão diretamente ligados ao desempenho e vida útil da estrutura. Compreende-se por patologia quaisquer danos que a estrutura apresente, havendo perda de componentes que possam comprometer a capacidade mecânica, funcional ou estética da edificação. Neste contexto, as patologias na estrutura de concreto armado podem afetar o funcionamento da edificação, direta ou indiretamente, podendo causar desde consequências ínfimas como até mesmo o comprometimento e colapso da estrutura. Entende-se, portanto, a importância de aprimorar os estudos neste ramo da construção civil, garantindo segurança e possibilitando o aumento da vida útil das edificações.

 

Desenvolvimento

            Para o problema ser considerado patologia em uma estrutura de concreto armado, mais especificamente no aço que a compõe, deve prejudicar o aspecto da mesma, no que lhe concerne ao seu desempenho estrutural. A degradação do aço, por sua vez, entendida como uma patologia, decorre-se quando o cobrimento fornecido pelo concreto é insuficiente para proporcionar proteção para as barras de aço, devido a presença de solução aquosa. Com isso, as armaduras sofrem perda de seção e, consequente, degradações consecutivas que acarretam a transformação das barras de aço em óxidos de ferro (ferrugens). Nesse sentido, o ambiente marinho é um dos agentes mais agressivos às estruturas de concreto armado, visto que na água estão presentes cloretos, sulfatos e outros agentes agressivos que promovem a despassivação da camada de concreto e deixam o aço exposto ao processo de corrosão, comprometendo a integridade estrutural. Na imagem 1 é observado a ponte sobre a Lagoa de Roteiro, localizada no litoral sul de Alagoas, na qual é possível observar desplacamento do concreto, fissuras por grande parte das estruturas e alto nível de exposição e corrosão generalizada nas armaduras.

 

Imagem 1 - Corrosão do aço e desplacamento do concreto na ponte de Roteiro- AL.

Fonte: G1 (2019)

 

No entanto, vale destacar que raramente a degradação do aço na estrutura de concreto armado, é provocada por apenas um fator, e sim, por diversos fatores atuando em conjunto, sejam eles externos, como a ação de agentes agressivos conforme visto anteriormente, e externos, como falhas humanas.

As patologias trazem consigo diversos fatores de risco que podem interferir na vida útil da construção ou ainda impedir sua utilização. De acordo com o que diz o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, a corrosão nas armaduras de concreto é uma das patologias mais ocorrentes nas edificações.

É de extrema importância que estudos sejam realizados sobre as diversas patologias para que, após identificar sua causa, seja possível definir qual será a solução, isto caso a estrutura não esteja comprometida. Assim como dito por Moraes Vieira (2016) “Na prática, quando uma edificação tem sintomas patológicos deverão ser realizados estudos da situação e encontradas as ocorrências dos problemas, falhas ou defeitos e então é feita a classificação do grau de patologia, concluindo se o problema é estrutural, podendo comprometer a vida útil da estrutura, ou se é apenas algum aspecto visual”.

Dessa forma, ao apresentar alguma patologia, seja ela de qualquer tipo, é inevitável que haja danos maiores do que aqueles identificados visualmente, por mais que seja algo superficial, como as trincas por exemplo, haverá consequências em diversos âmbitos, podendo afetar o aspecto econômico, estrutural, social, patrimonial, histórico e, acima de tudo, a segurança. Por isso, é de suma importância visionar os fatores de riscos das estruturas, para que assim sejam estabelecidas as devidas intervenções. A NBR 15575 prevê e categoriza as falhas nos elementos construtivos como mostrado na tabela 1 abaixo.

 

Tabela 1: Previsão de falhas para os sistemas e/ou elementos construtivos

Fonte: ABNT NBR 15.575-1

 

Após feito o diagnóstico correto da origem da patologia, é definido um plano de ação das medidas de correção a serem realizadas, tendo em vista os recursos financeiros e tecnológicos disponíveis, o desempenho pretendido e os cuidados posteriores. No entanto, a melhor alternativa é prevenir, a partir de medidas de profilaxia, desde a concepção do projeto até o uso da edificação, que os danos aconteçam. As principais ações preventivas que podem ser adotadas são: utilização de materiais de boa qualidade e adequados para cada situação, bem como o seu correto armazenamento e estocagem no canteiro de obras para preservar as suas características, mão de obra qualificada, projetos bem elaborados, aplicação de boas técnicas construtivas, usufruir da construção de maneira adequada para a sua finalidade, incluindo realizar as devidas manutenções preventivas.

 

Conclusão

Dessa maneira, conclui-se que a combinação do concreto ao aço trouxe grandes avanços para as técnicas construtivas, assim como a solução para problemas que outrora eram irresolúveis. O aço, por seu lado, ajuda o concreto a resistir às solicitações e, por isso, exerce um papel importantíssimo na estrutura de concreto armado, porém devido as suas características químicas, exige alguns cuidados para atingir o seu melhor desempenho, tais como as ações preventivas já citadas. Com isso, haverá diminuição no aparecimento das patologias e a estrutura agirá conforme o esperado, com qualidade e segurança.

 

Referência bibliográfica

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Instituto de Pesquisas Tecnológicas Disponível em: < http://www.ipt.br/solucoes/272-corrosao_em_construcao_civil.htm>

 

Morares Vieira (2016) Disponível em: Vieira, M.M. Patologias em estruturas de concreto (2016) - Universidade de Araraquara (UNIARA). p.19

REIS, Lília Silveira Nogueira. Sobre a Recuperação a Reforço das Estruturas de Concreto Armado. 2001. 114 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.


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