Análise do ciclo de vida das pontes de concreto protendido
Análise do ciclo de vida das pontes de concreto protendido
Autores:
Carolina Ramos Leite; Claudia Ferreira Brito; Gustavo Bicudo Letcooviski; Michele
Kozoroski Alves de Almeida Torres; José Américo Alves Salvador Filho; Silvete
Mari Soares.
INTRODUÇÃO
As pontes de concreto protendido são muito
utilizadas nas redes viárias brasileiras. Uma das suas principais utilizações é
na transposição de grandes rios, que geram a necessidade de grandes vãos nas
estruturas. Apesar da grande utilização dessas estruturas, há uma carência de
estudos nessa área (NOVA, SILVA, 2017).
Conforme se dá a utilização dessas pontes
os problemas de deterioração vão aumentando, e os reparos e manutenções passam
a ser mais frequentes e onerosos para o departamento responsável pelas estruturas.
Esses problemas de deterioração impactam o ciclo de vida das pontes (RADLIŃSKA
et al, 2014). Segundo Giaccu et al. (2021) um fator de afeta o ciclo de vida
das pontes segmentadas de concreto protendido é o deslocamento real superior
aos previstos para aquelas de elemento finito simples. Esses deslocamentos
aumentam durante a utilização, podendo causar danos ao tráfego e à estrutura,
estas deformações, quando não realizadas manutenções corretas, podem causar o
colapso da estrutura.
Giaccu et al. (2021) determinou que o
principal motivo para se optar por pontes protendidas segmentadas é a rápida
construção. Entretanto, durante a construção a estrutura sofre esforços e
variações de tensões devido a movimentação do pórtico, o que contribui para as
deformações, o que interfere no ciclo de vida das estruturas.
A protensão também pode ser utilizada para
reforçar e alargar pontes já existentes e danificadas. Para esse objetivo
pode-se utilizar a protensão externa, que aumenta a rigidez da estrutura,
diminui significativamente a fissuração e as deformações, dependendo do traçado
dos cabos, também melhora a resistência ao cisalhamento (VITÓRIO, DE BARROS,
2011).
O presente artigo apresenta diferentes
estudos que analisam e propõe soluções que melhoram o ciclo de vida útil das
pontes de concreto protendido.
DESENVOLVIMENTO
Conforme Radlińska et al (2014)
revestimentos e tratamentos finais das estruturas de concreto podem diminuir
sua deterioração, mas não há muitos materiais que comparem os métodos
existentes e os desenvolvidos recentemente. Isso por que o concreto é um
material complexo no geral, e é difícil de prever com precisão em períodos de
serviço mais longos, sem falar que tudo depende da qualidade e idade do
concreto.
Ainda segundo Radlińska et al (2014), o
maior problema na vida útil da ponte são danos por corrosão geralmente
localizados nas extremidades das vigas, e por causa disso essa reabilitação
começou a ser mais estudada nos dias atuais.
As corrosões ocorrem devido ao vazamento
de água através das juntas de expansão que tem defeito, o vazamento leva a
fragmentação do concreto que pode levar a corrosão da armadura. Para não se
ocasionar o problema de corrosão das estruturas, é a importante uma boa
preservação e execução das juntas de dilatação das pontes (RADLIŃSKA et al,
2014).
O estudo realizado por Giaccu et al.
(2021) desenvolveu um modelo de elemento finito para uma ponte, o qual
considerou a fluência, a retração e a protensão de longo prazo, afim de obter
um modelo muito próximo ao real. E utilizou dois modelos de fluência, o CEB-FIP
Model Code 2010 e o RILEM B3, para replicar os deslocamentos estruturais
ocorridos na própria ponte. Posteriormente foi comparado qual modelo apresentou
comportamento mais próximo da realidade à longo prazo e os benefícios dos
reajustes na estrutura.
Foi estabelecido que o comportamento real
depende do tempo em todas as fases de construção, pois a vibração do pórtico de
construção interferiu nos esforços e variações de tensões da ponte. Pontes
engastadas não estáticas as deformações causadas pela fluência podem evoluir
indefinidamente ao longo do tempo. Para solucionar essa problemática pode se
adicionar um pilar de apoio na extremidade livre, que interrompe a evolução
indefinida das deformações, mas não a anula, e reforça a estrutura contra os
momentos positivos (GIACCU et al, 2021).
Giaccu et al. (2021) determinou que os
modelos foram eficientes para captar a tendencia de deformação, mas pode tê-las
subestimado, principalmente a longo prazo, devido às limitações dos elementos
finitos. Também foi notório que o modelo RILEM B3 é o melhor indicado para este
tipo de análise, pois se aproxima mais da realidade no comportamento a longo
prazo, principalmente em relação às deflexões de fluência notáveis evoluindo
indefinidamente com o aumento do tempo, enquanto o CEB-FIP Model Code 2010
tende a superestimar as deformações no curto prazo.
Lounis e Cohn (1997) avaliaram a
eficiência das seções mais comuns usadas nos modelos convencionais e
segmentados de pontes com vigas contínuas. Foram utilizados programas e métodos
computacionais que analisam cada modelo de seção e os comparam, resultando em
sugestões de modelos que são melhores para o caso específico.
Por meio desse algoritmo de programação
não linear eficiente, foi concluído que as investigações das seções padrões
apresentados mostram que existem seções mais eficientes para vigas protendidas
de pontes com emenda, as seções propostas são igualmente eficientes para vigas
pós-tensionadas emendadas e vigas de ponte pré-tensionadas convencionais. A
seleção do sistema estrutural ideal deverá ser feita com base no custo total da
ponte, incluindo os custos de superestrutura e subestrutura, além dos outros
requisitos, como superestrutura limitada pela profundidade, eliminação de pilares
intermediários, estética (LOUNIS, COHN,1997).
CONCLUSÃO
Os estudos da análise do ciclo de vida
útil são limitados, não há muitos materiais que comparem os métodos existentes
e os desenvolvidos recentemente. Faltam mais pesquisas para que mais soluções sejam
desenvolvidas e testadas na prática.
Com os métodos computacionais é possível
fazer uma análise inicial mais precisa da vida útil das pontes de concreto
protendido. E também garantir que o método de execução mais eficiente seja
escolhido.
Esses métodos também auxiliam na escolha
da seção mais precisa e econômica para cada projeto especifico. Garantido o
melhor custo benefício na execução das estruturas.
Após a execução das pontes é importante
realizar a manutenção preventiva das estruturas. Desse modo os custos para a
reparo de eventuais patologias é minimizado. No mercado existem revestimentos e
tratamentos que estendem a vida útil das estruturas novas e existentes, mas é
importante que haja mais estudos para que sejam conhecidos quais as melhores opções
em cada caso.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GIACCU, Gian Felice et al. Time-Dependent
Analysis of Precast Segmental Bridges. International
Journal of Concrete Structures and Materials, v. 15, n. 1, p. 1-21, 2021.
LOUNIS, Z.; MIRZA, M. S.; COHN, M. Z.
Segmental and conventional precast prestressed concrete I-bridge girders. Journal of Bridge Engineering, v. 2, n.
3, p. 73-82, 1997.
NOVA, Silvia Juliana Sarmiento; SILVA, M.
C. A. T. Cálculo dos coeficientes parciais de segurança para pontes de concreto
protendido sob solicitações normais com base na teoria de confiabilidade
estrutural. In: Anais do 59º Congresso
Brasileiro do Concreto. 2017.
RADLIŃSKA, Aleksandra et al. Synthesis of
DOT use of beam end protection for extending the life of bridges. International Journal of Concrete
Structures and Materials, v. 8, n. 3, p. 185-199, 2014.
VITÓRIO, José Afonso Pereira; DE BARROS,
Rui Carneiro. Reforço e Alargamento de
Pontes Rodoviárias com a Utilização de Protensão Externa. 2011.


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